terça-feira, março 11, 2008

O despertar da besta e o sentido da vida

Diz a bíblia que no fim dos tempos haverá o domínio da besta, que os homens sofrerão a desilusão do abandono. É o purgatório. Não sei se a interpretação deve ser ao pé da letra, não sei se realmente os fatos hão de se desenrolar como afirmaram os profetas do apocalipse. Não sou cristão e muito menos idealista de seita qualquer, no entanto busco sempre novas formas de enxergar o mundo, procuro constantemente dividir e aprender com o próximo.
Como entusiasta do desenvolvimento interior humano estou a todo momento procurando novas formas de encarar a penosa convivência social. Conviver harmonicamente torna-se tarefa árdua quando não conseguimos aceitar as diferenças entre os indivíduos. Bem, comigo isto não acontece já que tento ao máximo compreender o ponto de vista das pessoas. Não quero dizer que não seja eu um anjo e que não tenho meus problemas com a sociedade. Muito pelo contrário, acho que pelo fato de ter muitos problemas é que admiro tanto a propensão ao bem-comum.
Andei a observar o comportamento das pessoas no dia-a-dia. Notei que hoje está virando moda -acho que até já virou- ser, ou pelo menos fingir, idiota. Idiota para mim é algo como agir feito os personagens do BBB ou como aquela dançarina da boquinha da garrafa ou mais recentemente o crew (nem sei se é assim que se escreve isso). Há diversos sinônimos para idiotia: imbecilidade, bestialidade, carlaperisse, patialidade (a síndrome da pat ou patricinha), cicarelisse, emetivisse, tolice, entre muitos outros. Todos esses termos objetivam o mesmo fenômeno: pessoas abaixo da linha do raciocínio natural e sem o mínimo senso do ridículo.
Fazendo uma pequena análise percebi que quem pode se dar ao luxo de agir assim não é o pobre trabalhador assaz, pois quem empregaria alguém tão fútil? Hoje em dia é moda sofrer de patialidade por que ao padecer desse mal implicitamente atesta-se o suposto padrão de renda da pessoa. Ora, ninguém, a não ser pessoas realmente íntegras e seguras de si, quer se envolver com um pobre, um necessitado que tem de trabalhar para bancar o aluguel do barraco, que sofre todos os dias em ônibus lotado e mal pode sair para passear, curtir um pouco a vida... Vejo uma garota da periferia usando uma bolsa comprada com parcelas a perder de vista, com uma calça jeans falsificada achando-se um máximo. O ápice da ilusão. Tal garota trabalha no shopping e jamais pensa em se envolver com um pobretão do seu bairro e se por milagre isso acontecer será no mínimo com o filho do dono do mercadinho que pelo menos tem um carro, bem popular, nada comparado com os rapazes que freqüentam o shopping e que tem um Mercedes ou um BMW, mas é um carro. Garotas como essa existem muitas, são milhares, dezenas de milhares. Não olham para dentro de si, não se conhecem e por isso tendem a valorizar os aspectos mais incertos do ser humano, os aspectos mais superficiais. Não quero dizer que só as mulheres padecem desse mal não, muito pelo contrário, o fenômeno é universal atinge todos. Ninguém quer ser pobre, disso eu sei e sei também que não é um pensamento errado. Todos devemos buscar prosperidade material, conforto. É um bem de direito a todas as pessoas. O que proponho é que há outras riquezas a serem buscadas, há o crescimento interior, há o desenvolvimento tanto psicofísico quanto o emocional e espiritual. O progresso material deve acompanhar o intelectual. Ambos são importantes, o homem é um ser tanto biológico quanto social. Neste sentido o homem transcende a matéria, transcende o sentido puramente biológico do existir e passa a criar, a transformar a natureza, a modificar o seu universo. Ao produto dessa transformação da-se o nome de cultura. Através da linguagem o homem repassa sua experiência, permite a divisão do conhecimento e mais ainda, permite-se um legado. O ser humano proporciona aos seus descendentes uma melhor forma de captar os recursos do ambiente, repassa o mundo abstraído. A partir daí surge a proposta de um mundo novo, um mundo melhor. Então, finalmente encontro o ponto aonde pretendo chegar quando analiso a patialidade ou aberrações da inteligência, é o ataque da besta, a fúria dos bestas! Os portadores desse terrível mal do século XXI permanecem em cima do muro, não se posicionam quanto à política ou ao terrorismo, não colaboram com o desenvolvimento do mundo já que não se aperfeiçoam nas suas relações com a sociedade e somente aceitam de mão beijada as propostas insanas do consumismo desenfreado. É terrível saber que há pessoas assim. Alguém pode argumentar: deixa a vida dela de lado, cuide da sua. Sim, sim. Realmente. Estou cuidando da minha. Cuido tanto que observo os detalhes de como vivo e para que vivo. Considero-me igual a qualquer outra pessoa, não sou melhor ou pior, tenho as mesmas potencialidades. Entretanto sei que há uns que vivem alienados de si mesmos, alienados do mundo e da interação positiva, afirmativa. Creio que o melhor a fazermos é repensar a nossa formação e nos preocupar com as bases de um mundo mais solidário, mais humanizado. Construir um mundo melhor para todos requer força de vontade, requer humildade e inteligência para ficarmos cara-a-cara com nós mesmos, enfrentarmos o gigante que nos assusta. O maior inimigo de uma pessoa é ela mesma. O capitalismo só existe por que o mal vem de dentro do homem. A revolução começa dentro de cada um. Sigamos estes princípios e teremos dado o primeiro passo da longa caminhada evolutiva...

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