sexta-feira, maio 02, 2008

O eu e o mundo: saúde e tempo de vida. Parte 1

Estava eu a pensar sobre as coisas mais importantes da vida. Após muito analisar descobri várias, centenas de coisas importantes. Hoje falo sobre as que compõem o título deste texto. Tempo de vida e saúde relacionam-se harmonicamente mas não dependente uma da outra: pode uma pessoa saudável dispor de curto tempo de vida como pode um enfermo enterrar seus entes mais jovens.
Muitas vezes ficamos tristes por não termos um carro, uma casa imponente, uma namorada linda e rica como nos filmes de Hollywood, um corpo bem definido, bastante dinheiro para gastar e por aí vai... Bem, é impossível alguém ser tão completo como na vida fantasiosa da televisão. Sabe por que? Porque são tantas as apelações que ninguém é capaz de reter todas ao mesmo tempo. Nenhum ser humano dá conta de ser no mesmo instante tudo o que o mundo quer que ela seja. Aí está um outro ponto, na verdade as pessoas não estão preocupadas com o ser, mas sim com o ter. Ser um médico, um juiz ou alto funcionário do senado não importa, o que realmente importa é o status que daí surge, é o prestígio, a glória de ter, ter e ter... Ter o que? Mulheres, carros, dinheiro, pessoas por perto, etc. Não quero neste momento discutir a questão do ser com o ter, o foco hoje é mais especificamente na desilusão e logo após no antídoto. Faz cerca de uma semana, eu estava um pouco triste pelo fato de não ter um carro ou uma moto. Pensei em como há garotos que logo ao completar dezoito anos recebem junto à carteira de motorista um belo automóvel, além de vale gasolina toda semana. No entanto, algo rapidamente alegrou-me, tirou-me daquela hipnose capitalista. Uma voz, um sentimento oriundo das profundezes do meu ser revelou-me a verdade, minha verdade. Naquele instante pensei: se buda estivesse aqui e me propusesse uma troca; daria-me qualquer carro, mas em troca eu teria de lhe dar minhas pernas. O que eu diria? Bem, a resposta nem precisa ser dita, é claro que não troco minhas pernas por carro algum, seja Ferrari um BMW. A conclusão então é que minhas pernas são muito mais importantes que a soma de todos os carros e motos da terra!!! A partir daí sou feliz o bastante para maldizer a minha sorte quanto a andar a pé ou em ônibus lotado. Se você, querido leitor, anda meio depressivo, angustiado com sua vida, chateado por que sua vida não anda como planejado, pense, reflita sobre cada linha deste texto e sobre cada letra do livro da sua vida. Parece até bobagem não é? Mas olha só: enquanto você lê este texto sua vida vai passando, a cada instante você tem menos tempo de vida. Buda, poderia agora fazer-lhe uma proposta assim como a minha mas desta vez você teria qualquer riqueza do mundo, qualquer peso em ouro mas em troca você só teria dois anos de vida e logo após este tempo seria atormentado com uma doença muito grave como um câncer no cérebro. E aí? O que me diz? Mais uma vez nem precisa de resposta, é óbvio: ninguém quer sofrer. Nossa sociedade está doente por que sua unidade viva que é o homem padece na ignorância, na servidão de um instinto incontrolável. Cabe ao homem procurar a cura para seus males. Há várias curas e uma delas e talvez a mais eficaz é a autoconsciência, saber quem você é, onde você está e para onde deve ir. Existem técnicas para desenvolver a autoconsciência e uma delas eu acabei de expor, simplesmente analisando o valor da saúde e o tempo de vida. Há muito mais a comentar, há muito mais a perquirir. Deve-se ler dez mil livros e andar dez mil quilômetros para se tornar um verdadeiro samurai. Da observação sistemática do ser resulta o conhecimento do insondável, este é o pilar da ciência moderna e deve ser o seu pilar também. Nunca mais se permita, leitor, abalar por besteiras.

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